Neuroma de Morton – o que é, causas, sintomas e tratamento

O neuroma de Morton é uma condição que pode causar dor no antepé, devido ao espessamento do nervo interdigital plantar, normalmente relacionado à sobrecarga local ou a pequenos traumas repetidos (que ocorrem quando andamos).

Esse nervo interdigital de volume aumentado geralmente se encontra entre as cabeças dos 3º e 4º metatarsais (esses ossos estão antes do 3º e 4º dedos, respectivamente), o terceiro espaço interdigital. Mas não é necessariamente a única localização, pode ser encontrado em todos os espaços interdigitais.

Como o neuroma fica localizado próximo a planta do pé e entre a cabeças dos metatarsais, ele é comprimido por essas estruturas quando andamos e causa dor no pé. O neuroma de Morton é mais comum no sexo feminino, ao redor dos 50 anos de idade. Porém, não é uma patologia exclusiva de mulheres, estima-se uma proporção de 4 mulheres para 1 homem.

• Veja também: Anatomia do pé

Qual é a causa do neuroma de Morton?

A causa do neuroma de Morton ainda é debatida. Existem algumas teorias, que provavelmente se complementam.

• Trauma crônico repetitivo: Enquanto caminhamos dissipamos energia na sola do antepé. Caso haja sobrecarga e cada passo pode ser um trauma no nervo plantar interdigital. Em alguns casos o nervo pode inflamar, espessar e ser comprimido entre as cabeças dos metatarsais. O uso de sapatos de bico fino, salto alto ou calçados de solado fino e duro está relacionado a um trauma maior durante a marcha, e dessa forma ao neuroma de Morton.

• Compressão tecidual: Unindo a cabeça de um metatarsal a outra existe um ligamento – o ligamento transverso profundo. O neuroma de Morton fica preso entre as cabeças dos metatarsais e o ligamento, sendo comprimido a cada passo que damos durante o dia, causando dor.

• Bursite intermetatarsal: Entre as cabeças dos metatarsais adjacentes, e sobre o ligamento transverso existe uma bursa. Sobrecarga mecânica pode inflamá-la, aumentando seu volume e irritando o nervo interdigital plantar.

Sintomas do neuroma de Morton

O paciente com neuroma de Morton geralmente relata um desconforto na sola do antepé (região anterior do pé), como se fosse a sensação de uma pedra, sob a cabeça dos metatarsais, mais comum entre o 3º e 4º. A dor do neuroma pode irradiar para os dedos que são inervados pelo nervo interdigital plantar, com uma sensação de queimação, formigamento ou choque.

É possível ter mais que um neuroma sintomático em cada pé e pode acometer os 2 pés em 15% dos casos. A atividade física, como corrida, pode piorar a dor, assim como o uso de calçados apertados no antepé.

Outros sinais de sobrecarga como calosidades e deformidades dos dedos, podem estar associados, que devem ser avaliadas em conjunto para um tratamento adequado.

Como fazer o diagnóstico do neuroma de Morton?

O diagnóstico do neuroma de Morton se inicia com a história do paciente e exame físico. A queixa do paciente é típica e é possível em alguns casos, ao comprimirmos o antepé do paciente, reproduzir a dor causada pelo neuroma e até sentir o volume do nervo, com um ressalto (sinal de Mulder).

A radiografia com carga do pé não irá mostrar o neuroma, mas pode evidenciar alterações anatômicas no formato do pé que levam a distúrbios da distribuição de carga e eventual irritação do nervo.

A ultrassonografia é um exame que pode evidenciar bem o neuroma do paciente.

Mas, a ressonância magnética é um exame que fornece bastantes informações sobre as estruturas do antepé, como qualidade articular e ligamentar dos metatarsais, além de fazer uma avaliação precisa do espaço intermetatarsal, evidenciando bursa e neuroma.

É importante notar que 1/3 das pessoas que tem neuroma na ressonância magnética não tem dor. Então não é porque você tem um neuroma no seu exame que ele é a causa do seu problema.

Como tratar o neuroma de Morton?

O objetivo do tratamento do neuroma de Morton é aliviar a dor do paciente. Para isso podemos fazer um tratamento conservador ou um tratamento cirúrgico.

• Tratamento conservador: Orientar a modificação do padrão de calçados, de modo não comprimir o antepé e distribuir a carga de forma mais harmônica. Calçados de solado macio, porém firme são uma boa indicação nesses casos. Outras opções de tratamento conservador são as palmilhas, infiltrações com corticóides e neuromodulação com radiofrequência.

• Tratamento cirúrgico: Quando o tratamento conservador não funciona e o paciente continua com queixas, lançamos mão da opção conservadora. O tratamento cirúrgico (cirurgia de neuroma de morton) de escolha é a ressecção do neuroma de Morton. Nesse procedimento o nervo espessado é completamente ressecado, com o intuito de aliviar a dor relacionada a compressão desse neuroma.
  
  Quando ressecamos o neuroma a dor melhora, porém a sensibilidade do dedo da região inervada por esse ramo interdigital é perdida. Alguns estudos mostram 85% de bons ou ótimos resultados com esse procedimento.
  
  Uma opção à ressecção do neuroma é a sua liberação. Nesse procedimento seccionamos o ligamento transverso profundo com intuito de diminuir a compressão sobre o neuroma. Em neuromas muito grandes os resultados dessa opção não são tão bons quanto da ressecção. Em caso de outras alterações mecânicas associadas pode ser necessário abordagens conjuntas com osteotomias dos metatarsais.

• Pós operatório: O paciente fica sem pisar até a cicatrização da pele, que ocorre ao redor do 7º dia, quando inicia a carga com uma sandália pós operatória. Ao redor de 30 dias o paciente encontra-se mais confortável, quando passa a usar calçados convencionais, porém de solado macio e firme.

FAQ – Perguntas Frequentes