Artrose no Tornozelo: Tratamento, sintomas e quando operar

Artrose do tornozelo, também conhecida como osteoartrite do tornozelo, é uma lesão na articulação que causa dor, inchaço, diminuição do movimento e grande impacto na função e qualidade de vida.

É uma patologia progressiva, que geralmente evolui gradualmente. O tratamento ortopédico visa diminuir a dor e limitação, melhorando a qualidade de vida do paciente.

O que é a artrose no tornozelo?

As articulações do nosso corpo são formadas por osso, cartilagem articular, ligamentos, cápsula articular e sinóvia (podemos entender essas duas últimas como membranas que envolvem toda a articulação). Os músculos e tendões movimentam nossas articulações.

A função adequada dessescomponentes articulares permite um movimento extremamente congruente e
livre de atrito, e assim nos movimentamos de forma livre e indolor.

Na artrose ocorre a lesão dessas estruturas de modo que a cartilagem se torna mais fina (com diminuição do espaço articular), a cápsula, sinóvia e ligamentos tornam-se inflamados e degenerados e o osso passa por alterações, mudando sua estrutura.

Assim a articulação se torna mais rígida, mais inflamada e mais dolorosa, causando os sintomas dos pacientes, aumentando progressivamente as lesões em um círculo vicioso, levando a progressão da doença.

O tornozelo é formado por 3 articulações:

  • Entre a tíbia e o tálus – a tibiotalar.
  • Entre a fíbula e a tíbia – a tibiofobular distal, também conhecida como sindesmose.
  • Entre a fíbula e o tálus – a fibulotalar.

A articulação do tornozelo apresenta algumas peculiaridades:

  • É uma articulação extremamente congruente.
  • A cartilagem articular é bastante fina, porém resistente.
  • Não tolera desalinhamentos, progredindo rapidamente com artrose quando não está congruente.
  • Quando bem alinhada, suporta melhor que as demais articulações o peso.

Quais são as causas da artrose do tornozelo?

Essa lesão dos componentes articulares no tornozelo que leva a artrose, pode acontecer pelo uso normal da articulação ou secundariamente a problemas congênitos ou adquiridos.

  • Artrose degenerativa: durante nossa vida usamos o tornozelo cada vez que pisamos e isso leva a um desgaste natural da articulação. Essa degeneração pelo uso levará às alterações descritas. Essa causa ocorre mais nas pessoas mais idosas e é a menos comum, ao redor de 7% das artroses no tornozelo são assim.
  • Artrose pós-traumática: essa é a causa mais comum, chega a 80% dos casos. Como a articulação do tornozelo sofre bastante com pequenos desalinhamentos, traumas como fraturas desses ossos que compões o segmento ou lesões ligamentares instáveis  que mantem uma congruência inadequada, têm uma grande chance de evoluir precocemente com artrose. Geralmente vemos em pessoas mais jovens, entre 18 e 45 anos.
  • Artroses secundárias: as lesões observadas na articulação são consequências de doenças inflamatórias ou outras doenças que o paciente tem. Acontece em 13% das artroses do tornozelo. Nesse grupo encontramos:
    • Doenças reumatológicas (como a artrite reumatoide).
    • Gota.
    • Artropatia hemofílica.
    • Hemocromatose.
    • Sequelas de infecções articulares.
    • Osteonecroses do tálus.

Diagnóstico da artrose do tornozelo

O paciente normalmente procura atendimento se queixando de dor na região, com inchaço e rigidez. Na fase inicial geralmente os sintomas ocorrem nos primeiros passos do dia e melhoram com o movimento da articulação, poucas vezes durante a semana.

Conforme ocorre a progressão da doença a dor torna-se mais intensa e mais duradoura, atrapalhando o paciente diversas vezes ao longo do dia. No exame físico observa-se uma diminuição do movimento articular, dor, com inchaço, algumas vezes calor e vermelhidão local e é possível palpar aumento de volume ósseo.

Também avaliamos o alinhamento do tornozelo.

Exames de imagem

Radiografias do pé e do tornozelo com carga

Nos auxiliam a compreender de forma mais objetiva possíveis desalinhamentos dessa região, assim como observar sinais da artrose, como diminuição do espaço articular, aumento do volume ósseo e incongruência
articular.

Tomografia computadorizada e ressonância magnética

São exames que mostram de forma pormenorizada a anatomia local e as alterações causadas pela artrose.

Em alguns casos podem ser necessárias, não apenas para fazer o diagnóstico, mas para compreendermos o estágio da progressão da doença, a extensão das estruturas acometidas e eventualmente um planejamento cirúrgico.

Figura da esquerda: Radiografia com carga AP do tornozelo com deformidade de artrose.Figura da direita: Ressonância Magnética do tornozelo com lesões dos componentes articulares.

Figura da esquerda: Radiografia com carga AP do tornozelo com deformidade de artrose.Figura da direita: Ressonância Magnética do tornozelo com lesões dos componentes articulares.

Tratamento da artrose do tornozelo

O objetivo do tratamento é diminuir a dor do paciente. A artrose é uma lesão progressiva da articulação, na qual não há como recuperar as lesões que já ocorreram, mas é possível evitar a piora ou diminuir a progressão da piora, melhorando a qualidade de vida do paciente.

Tratamento conservador

Analgésicos, anti-inflamatórios não hormonais, corticosteroides podem ser usados para o alívio da dor.

Fisioterapia tem seu papel no fortalecimento da musculatura ao redor do tornozelo para auxiliar a distribuição da carga e diminuir a sobrecarga das estruturas lesadas da articulação do tornozelo.

Modificação do padrão de calçados e órteses podem auxiliar nesse processo de diminuição da dor em alguns casos.

Infiltrações articulares com corticosteroides e ácido hialurônico podem ser efetivas nos casos iniciais, por um período de 6 meses a um ano. As infiltrações podem ser repetidas conforme mantiverem a melhora do paciente. A causa da artrose do tornozelo é relevante na indicação do tratamento.

Nos casos de artroses secundárias o controle medicamentoso da doença reumatológica não apenas diminui a progressão da artrose, como ameniza a inflamação articular podendo levar a melhora da dor do paciente.

Quando as abordagens conservadoras não funcionam indicaremos o tratamento cirúrgico.

Tratamento cirúrgico

As cirurgias podem ser divididas em dois grupos, um no qual mantemos a articulação e outro que retiramos os componentes articulares, substituindo-os ou fundindo-os.

Nos casos que encontramos um desalinhamento do tornozelo associado a uma artrose com uma articulação parcialmente lesada, pode ser possível realizar uma cirurgia corrigindo o alinhamento do tornozelo e manter a
articulação, de forma a diminuir a dor, melhorar a função do paciente, preservando algum grau de movimento.

Já nos casos nos quais encontramos uma lesão articular mais grave e  extensa, geralmente com mais de 50% de acometimento da área articular, preservar a articulação leva a resultados que mantem a dor do paciente e sem melhora da função.

Nessas situações indicamos a artroplastia total do tornozelo ou a artrodese do tornozelo.

Na artroplastia total do tornozelo – é a prótese do tornozelo – a articulação é substituída por componentes metálicos, assim como vemos no  quadril e no joelho, permitindo algum grau de movimento articular com diminuição da dor paciente, permitindo uma melhor função para andar.

Na artrodese do tornozelo retiramos a cartilagem doente dessa articulação e posicionando osso da tíbia em contato com osso tálus, realizamos uma fusão entre eles. Apesar do movimento do tornozelo ser eliminado com esse procedimento, ele é bastante efetivo na melhora da dor e na manutenção da função do paciente, com baixas taxas de revisão cirúrgica a longo prazo, restaurando a qualidade de vida do paciente.

Quando devo consultar o ortopedista?

  • Dor intensa no pé ou tornozelo (especialmente se durar mais de uma semana).
  • Rigidez que está piorando, principalmente se não conseguir mover os tornozelos tão bem quanto de costume.
  • Piora ou surtos mais frequentes de seus sintomas habituais.

Fonte e referências:

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